quarta-feira, 22 de julho de 2009

Resenha do filme: E o Vento Levou...


Descobri um novo dom meu (não que eu tenha outros...): fazer resenhas de filmes. Não entendo muito de filmes, mas descobri que sou ótimo para comentar sobre eles...

Espero postar resenhas de outros filmes o futuro.
Começarei com um clássico: O que pode ser falado de E o vento levou...?

Por mim não muito, não o vi ainda... mas me disseram que é muito bom!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

2º Caso da H.E.R.P.E.S.

Enfim apareceu um segundo caso para a famigerada hempresa! Fiz muito bem de usar o blog como meio de propaganda. Como ele é acompanhado por muitas e muitas pessoas, tendo milhares de visualizações por dia, a hempresa logo ficou muito conhecida e choveram procuras! Como o nº de funcionários ainda é muito pequeno não podemos atender a todas... por isso peço a compreensão e paciência de todos que procuram nossos serviços.

Para quem não conhece a H.E.R.P.E.S. veja postagem anterior, onde a hempresa (e o porque de eu estar escrevendo empresa com H) é apresentada pela primeira vez ao público em geral e explicada em seus pormenores. Além, é claro, do nosso curioso primeiro caso...

Segue-se, então, a descrição de nosso segundo caso:
(Afinal, não há propaganda melhor para a hempresa do que verem na prática como ela funciona!)

Eu e o Gusta... quer dizer, Agente G., conversávamos na sede da H.E.R.P.E.S., esperando, ansiosamente, um novo caso...

- Agente G.: Agente Z, estava lendo um livro de filosofia...
- Agente Z.: Você lendo filosofia?
- Agente G.: Porque não? Sabe que sou um leitor assíduo!
- Agente Z.: Sim, mas achava que era só de coisas imprestáveis...
- Agente G.: Mas filosofia não é uma coisa imprestável?
- Agente Z.: É verdade... Continue.
- Agente G.: Pois então, topei com um autor que me preocupou muito, na verdade acho que ele pode estragar nossos negócios na H.E.R.P.E.S. Wittgeinstain, conhece?
- Agente Z.: Claro que sim! Mas porque ele seria um problema para nós?
- Agente G.: Justamente por isso! Ele diz que na verdade não existem problemas verdadeiros... Fala que todos problemas são desfeitos com uma análise gramatical da própria pergunta, descobrindo, então, que o problema é um falso problema, que o problema está na formulação errada da pergunta...
- Agente Z.: Mas quando ele desfaz o problema ele não está resolvendo o problema?
- Agente G.: humm... É verdade!
- Agente Z.: Então ainda existem problemas a serem resolvidos, e é justamente isso que fazemos aqui, não?
- Agente G.: É mesmo Agente Z., você é genial! Tem toda a razão, mas...

Nesse momento, interrompendo nossa animada discussão, entra na sala uma bela mulher, usando um pequeno vestido vermelho que deixava a mostra todas suas belas curvas, possuia longos cabelos negros, um olhar penetrante, seios voluptuosos e duas belas coxas, entre outras coisas...

Agente G. e eu por um longo intervalo de tempo ficamos sem palavras. Até que ela diz:
- Olá, meu nome é N. (manteremos seu nome em sigilo, por motivos que ficarão claros mais a frente), vocês são da H.E.R.P.E.S?
- Agente Z. (antecipando-se ao Agente G., que ainda estava babando...): Sim, tem algum problema?
- N.: Só estava perguntando... não precisa ser grosso!
- Agente Z.: Não é isso, bela dama, nós resolvemos problemas, perguntei se você tem um pra resolvermos...
- N.: Ah! Pois então, por isso estou aqui.
- Agente G. (já se recobrando): Antes gostaria de fazer-lhe uma pergunta: como ficou sabendo da Hempresa? Mas antes que responda gostaria de dizer que tem uma voz muito bela e doce... tão doce que parece grudar na nossa mente como aquelas balas de grude grudam no céu da boca, ou um chiclete gruda no sapato, ou..., ou...
- Agente Z.: Ou qualquer outra bela coisa doce que grude!... mas responda, como ficou sabendo da H.E.R.P.E.S.?
- N.: Vi o anúncio da Hempresa em um blog... então entrei em contato com você por lá, e me pediu para que eu viesse aqui, hoje...
- Agente G.: Mas Agente Z., você não me disse nada! Se soubesse que ia receber uma moça tão bonita teria vindo melhor preparado...
- N.: Mas você está muito bem senhor G...
- Agente G.: Chame-me de Agente G., senhora N., e não estou bem coisíssima nenhuma!!!
- Agente G. (para Agente Z.): Odeio quando me chamam de senhor! Se ela me chamar de senhor de novo...
- Agente Z.: Calma Agente G., foi por essas cismas suas que perdemos aquele nosso caso, o único caso que não conseguimos resolver em toda a história da H.E.R.P.E.S! E você não reparou que ela disse que está muito bem?
- Agente G.: Ela disse isso? Você disse isso?
- N.: Sim, claro. Está muito bem.
- Agente G.: Ah, obrigado. Pode me chamar de senhor, então, se quiser...
- Agente Z.: N., sem mais delongas, diga-nos porque veio...
- N.: Ah, claro. Minha história é muito complicada...
- Agente Z.: Não existe nada complicado demais para nós minha querida, diga-nos...
- N.: É que eu estou muito carente... e preciso fazer sexo!
- Agente G.: É verdade Z., isso é bem complicado!
- Agente Z.: Vamos escuta-la, primeiro G.... como assim, senhorita N?
- N.: Como assim o quê? Isso é bem simples!
- Agente Z.: Simples? Você não disse que era complicado minutos atrás?
- Agente G.: Muito astuta sua observação Z., como sempre.
- Agente Z.: Obrigado, Agente G.
- N.: Desculpe, sei que é difícil entender como a mente de uma mulher funciona... Quis dizer que minha história é complicada, mas o que quero é bem simples... complicado é pra mim conseguir, sendo tão feia!
- Agente G. e Agente Z. (em completo espanto): Hã?!? Você é feia?
- N.: Sim. Já fiz diversas plásticas, 32 ao todo, depois que sofri um desastre terrível; mas não consegui recuperar minha aparência anterior...
- Agente G.: Você era mais bonita ainda???
- N.: Era bonita antes, não o sou agora... Vejam essa foto minha de antes do desastre.
- Agente Z.: Deixe-me ver (pega a foto, analisa-a cuidadosamente e passa para o Agente G.) - Veja isso Agente G.
- Agente G.: Deixe-me ver... é verdade Z. Vejo que temos um falso problema, como Wittgenstein disse...
- Agente Z.: Esqueça isso G.! Temos um problema sim... E muito verdadeiro. E descobri também com resolver um outro problema meu agora mesmo... - (a N.): Podia me passar o nome do seu cirurgião plástico? Ele fez um ótimo trabalho, você está muito mais bonita agora do que antes!!! Espero ter encontrado alguém que possa, finalmente, dar um jeito nesse meu nariz...
- N.: Não creio que fiquei mais bonita. É que tenho uma irmã gêmea, gêmea idêntica... Ela tem a mesma aparência que eu tinha antes do acidente. Todos vivem falando que ela é muito bonita e até meu antigo namorado me largou... agora ele está com ela. Disse que ela se parece mais comigo do que eu mesma. Depois disso fiquei tremendamente traumatizada e não consigo mais arrumar um homem sequer... e isso já faz muito tempo... não suporto mais!!! (Se aproxima do Agente G., roçando os fartos seios no seu ombro magro)
- Agente G.: Essa mulher está mais perigosa do que um bode tarado! Temos que ser cautelosos Agente Z.
- Agente Z.: Deixe comigo G. Sabe que entendo bem das mulheres... Uma mulher é como um livro aberto, basta separar as maças podres dos pêssegos, e se alguém me provar o contrário eu juro que jogo fora... jogo fora... jogo fora o que mesmo?
- Agente G.: Seu distintivo?...
- Agente Z.: Isso!
- N.: Mas o que farão quanto ao meu problema? Vocês não resolvem qualquer coisa? Queria discrição, por isso os procurei, uma mulher do meu nível não pode sair por aí procurando por sexo em qualquer lugar... além do mais quero encontrar alguém legal, assim como vocês...
- Agente Z.: Pois veio ao lugar certo, então!
- Agente G.: Espera aí... Você quer sexo ou discrição?
- N.: Os dois! Vocês são loucos ou o quê? Não estão entendendo?
- Agente Z.: Claro que sim... como você pretende pagar esse pequeno trabalhinho? Acho que teremos de cobrar caro por esse caso...
- N.: Ah, acho que agora você está entendendo... posso pagar o que você quiser, como você quiser, na verdade estou disposta a dar qualquer coisa para solucionar esse problema, se é que me entende...
- Agente G.: Qualquer coisa?
- N.: Sim.
- Agente Z.: Muito bem então, Agente G., você está pensando o mesmo que eu?
- Agente G.: Acho que sim Agente Z.
- Agente Z.: Pois bem... N., você agora trabalha na H.E.R.P.E.S.!
- N.: O quê?? Não vim aqui procurando emprego!
- Agente Z.: Mas assim resolveremos seu problema e de quebra teremos um substituto pro agente B., que saiu pra buscar pizza e até agora não voltou...
- Agente G.: É, vamos demiti-lo, ele é muito lento, a pizza já deve estar até fria...
- N.: Como assim resolveram meu problema?
- Agente Z.: Deixe-me explicar: você pode trabalhar aqui até aparecer alguém com o mesmo problema que o seu, isso é comum de acontecer... aí então resolvemos dois problemas de uma só vez. Dois coelhos com uma paulada só, entendeu?
- N.: Entendi... mas isso não vai demorar? Não tem uma forma mais rápida pra resolver não?
- Agente G.: A gente pode mudar o ramo da hempresa para uma que aluga acompanhantes, você vai conhecer vários possíveis candidatos para resolver seu problema! Você seria nossa primeira “empregada”, se é que me entende... Essas mulheres trabalham muito, sempre tem freguês, além do mais, ganham muito dinheiro.
- Agente Z.: Muito bom G. Assim posso realizar meu sonho de ser Cafetão!
- Agente G.: E podemos manter o nome da hempresa, que passaria a significar: HEmpResa Promovedora de Encontros Sexuais, H.E.R.P.E.S!
- Vocês estão pensando o que de mim!? Queria discrição...
- Agente G.: Seria uma hempresa bem discreta...
- N.: Não, não quero ser prostituta!!
- Agente G.: Mas ninguém disse que seria isso...
- Agente Z.: Se quiser podemos manter a idéia original, trabalharia aqui até aparecer alguém com um problema parecido com o seu... aí juntamos os dois e, pimba!! Tudo resolvido...
- Agente G.: Foi uma boa idéia mesmo Z. Assim temos menos trabalho, podemos fazer isso com todos os casos que aparecerem, o que acha?
- N.: Eu vou-me embora... vejo que não vou conseguir resolver isso hoje...
- Agente Z.: É verdade, já está tarde, não deve chegar mas nenhum cliente.
- N.: Aff... (sai nervosa).
- Agente Z. (gritando pra N., depois que ela acabara de sair): Pode começar a trabalhar amanhã então, Agente N.!
- Agente G.: Mais um caso resolvido Z... Mas ela foi sem pagar!
- Agente Z.: Não se preocupe G., descontamos do salário dela.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Mais Novas Poesias Inéditas

Não sou ninguém, o meu trabalho é nada
Neste enorme rolar da vida cheia,
Vivo uma vida que nem é regrada
Nem é destrambelhada e alheia.

***

Dormi. Sonhei. no informe labirinto
Que há entre a vida e a morte me perdi.
E o que, na vaga viagem, eu senti
Com exacta memória não sinto.

Se quero achar-me em mim dizendo-o, minto.
A vasta teia, estive-a e não a vi.
Obscuramente me despercebi.

***

Ah, deixem-me sossegar.
Não me sonhem nem me outrem.
Se eu não me quero encontrar,
Quererei que outros me encontrem?

***

No chão do céu o Sol que acaba arde.
Durmo. Haja a vida com ou sem alarde,
Será já tarde quando eu despertar?
Mas que me importa que já seja tarde?

***

SE PENSO mais que um momento
Na vida que eis a passar,
Sou para o meu pensamento
Um cadáver a esperar.

(...)

Por mais que o Sol doire a face
Dos dias, o espaço mudo
Lembra-nos que isso é disfarce
E que é a noite que é tudo.

Novas poesias inéditas - Fernando Pessoa.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Pessoa - Novas Poesias Inéditas

I

SIM, FAREI...; e hora a hora passa o dia...
Farei, e dia a dia passa o mês...
E eu, cheio sempre só do que faria,
Vejo que o que faria se não fez,
De mim, mesmo em inútil nostalgia.

Farei, Farei... Anos os meses são
Quando são muitos-anos, toda a vida,
Tudo... E sempre a mesma sensação
Que qualquer cousa há-de ser conseguida,
E sempre quieto o pé e inerte a mão...

Farei, farei, farei... Sim, qualquer hora
Talvez me traga o esforço e a vitória,
Mas será só se mos trouxer de fora.
Quis tudo – a paz, a ilusão, a glória...
Que obscuro absurdo na minha alma chora?

II

Farei talvez um dia um poema meu,
Não qualquer cousa que, se eu a analiso,
É só a teia que se em mim teceu
De tanto alheio e anônimo improviso
Que ou a mim ou a eles esqueceu...

Um poema próprio, em que me vá o ser,
Em que eu diga o que sinto e o que sou,
Sem pensar, sem fingir e sem querer,
Como um lugar exacto, o onde estou,
E onde me possam, como eu, me ver.

Ah, mas quem pode ser quem é? Quem sabe
Ter a alma que tem? Quem é quem é?
Sombras de nós, só reflectir nos cabe.
Mas reflectir, ramos irreais, o quê?
Talvez só o vento que nos fecha e abre.

III

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre das falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solene pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

Novas poesias inéditas - Fernando Pessoa.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

CRÍTICA KANTIANA DA PSICOLOGIA RACIONAL: A IMPOSSIBILIDADE DE SE CONHECER A ALMA.

O objetivos do trabalho é compreender a crítica de Immanuel Kant (1724-1804) a psicologia racional e como ela se desenvolve até desembocar na Crítica da Razão Pura, culminando no veto a psicologia científica apresentado nos Primeiros Princípios Metafísicos da Ciência da Natureza. Usamos como referência, bem como as obras citadas, os Sonhos de Um Visionário e a Dissertação de 1770, assim como a literatura secundária. A importância da crítica kantiana a psicologia racional para a psicologia moderna pode ser demarcada, a nosso ver, primeiro no que diz respeito a cientificidade da psicologia e segundo quanto ao objeto próprio da psicologia, uma vez que a psicologia racional trata justamente da alma, de sua essência, de sua relação com o corpo, etc. Esse conhecimento que se busca apreender da alma, ou seja, da simples consciência de um eu, enquanto sujeito pensante e objeto do sentido interno, portanto de uma autoconsciência que acompanha o sujeito por toda a vida dando-lhe unidade e personalidade, deve partir da especulação pura. Assim a psicologia racional vai buscar alcançar os predicados desse mesmo eu, que está presente em todo pensamento e acompanha toda experiência, da única forma em que ele pode ser alcançado: pelo próprio pensamento. De forma geral é esse o cerne da crítica de Kant: o eu, enquanto palco onde se dá todas as representação, só pode ser dado, necessariamente, como sujeito do pensamento e portanto só existe intelectualmente, a ele não podem ser dados predicados que só podem ser aplicados a coisas da experiência. Dessa forma o erro da psicologia racional é, através da análise do eu, formular proposições tais como: (1) a alma é substância, (2) é simples, (3) é idêntica, (4) está (ou não) em relação com objetos possíveis no espaço. Ora, tais proposições necessitam de provas dadas pela experiência e, relativo a alma, nada pode ser dado na experiência. Porque, apesar de parecer na consciência de nós próprios, numa intuição imediata, que possuímos uma substancialidade, esse conceito por nós formulado de nós mesmos permanece sem conteúdo. Ele, de fato, nada mais é que um sentimento de existência vazio e apenas representação em que se relaciona todo pensamento. Esse eu será sempre o sujeito que conhece e nunca poderá tornar-se objeto do conhecimento, só temos consciência dele porque dele carecemos imprescindivelmente para a possibilidade da experiência. Assim, a impossibilidade de se conhecer a alma acaba com todas as inspirações da psicologia racional. Não sendo possível uma psicologia racional, a psicologia, enquanto projeto científico, se vê em sérios embaraços: só lhe resta a psicologia empírica, e esta, sem uma base a priori (que seria dada pela psicologia racional), estará limitada a uma simples disciplina histórica, de descrição de estados internos, não pertencendo, para Kant, ao ramo das Ciências Genuínas.