O que posso fazer é me afundar em minhas leituras prediletas, que refletem perfeitamente o meu estado de alma. Selecionei dois trechos do que estou lendo para compartilhar um pouco do meu desassossego com meus queridos leitores. Aí está (ambos os trechos são do Pessoa e estão no Livro do Desassossego):
Na Floresta do Alheamento
Desenganemo-nos da esperança, porque trai, do amor, porque cansa, da vida, porque farta, e não sacia, e até da morte, porque traz mais do que se quer e menos do que se espera.
Desenganemo-nos do nosso próprio tédio, porque se envelhece de si próprio e não ousa ser toda a angústia que é.
Não choremos, não odiemos, não desejemos...
Cubramos com um lenço de linho fino o perfil hirto da nossa Imperfeição...
Nossa Senhora do Silêncio
Consoladora dos que não tem consolação, Lágrimas dos que nunca choram, Hora que nunca soa – livra-me da alegria e da felicidade.
Ópio de todos os silêncios, Lira para não se tanger, Vitral de lonjura e de abandono – faze com que eu seja odiado pelos homens e escarnecido pelas mulheres.
Címbalo de Extrema-Unção, Carícias sem gesto, Pompa morta à sombra, Óleo de horas dormidas – livra-me da religião, porque é suave; e da descrença porque é forte.
Lírio fanando à tarde, Cofre de rosas murchas, Silêncio entre prece e prece – enche-me de nojo de viver, de ódio de ser são, de desprezo por ser jovem.
*
Torna-me inútil e estéril, ó Acolhedora de todos os sonhos vagos; faze-me puro sem razão para o ser, e falso sem amor a sê-lo, ó Água Corrente das Tristezas Vividas, que minha boca seja uma paisagem de gelos, os meus olhos dois lagos mortos, os meus gestos um esfolhar lento de árvores velhas – ó Ladainha de Desassossegos, ó Missa-Roxa de Cansaços, ó Corola, ó Fluido, ó Ascensão!...
*
Tu és tudo o que a Vida não é; o que de bom e de belo os sonhos deixam e não existe.
*
Rezo a ti o meu amor porque o meu amor por ti é já uma oração; mais nem te concebo como amada, nem te ergo ante mim como santa.
Que os teus actos sejam a estátua da renúncia, os teus gestos o pedestal da indiferença, as tuas palavras os vitrais da negação.
7 comentários:
Um Feliz Natal e um feliz Ano Novo pra todos! hauhauhauha
Ests n mesmo barco.. meu aniversário é em janeiro tambem, e no periodo que antecede o natal até data fatidica e festiva (15/01) eu considero-as uma das mais irritantes e deprimentes do ano.
rsrs
Eita, é muitas felicidades e parabéns em tão pouco tempo...
Se metade fosse verdadeira...
que dia é teu níver, zé?
nuss, odeio aniversários, a gente é obrigado a gostar do próprio aniversário a vida toda, sendo que ficar velho não é motivo pra ninguém comemorar, é um ano a menos, não a mais...
e quando eu disse que já escrevi 2 mil poesias, estava sendo literal. da última vez que contei tinha quase isso, mas a maioria eu queimei. =D
adorei os trechos, depois deixa eu ler esse livro aí?hauahua
falando nisso, eskeci de te devolver o livro de nod, e eskeci de trazer, então não li o final ainda =(
e, se te consola, ODEIO as festas de fim de ano, é tudo tão tedioso e falso... =/
bjo!
huahauhauhauha
Isso não me consola não Mel!
Meu niver foi dia 26 (ufa, já passou...)
Depois te empresto o Livro sim, só não vai se matar depois de ler e deixar a culpa cair sobre mim!!!
Quanto ao livro de Nod, não esquenta... vc já tá em jf? Disse q esqueceu de trazer...
bjaum!
maneraço os trechos,Zé! tá ficando especialista em Pessoa,hein!
tb não gosto de datas comemorativas,comemoração é coisa subjetiva,e não entendo oq as passoas comemoram tanto...na verdade racionalmente até sei,mas saber não facilita o entendimento.
essa nossa senhora do silêncio existe ou é invenção do Pessoa?
Existe... como invenção do Pessoa!!
hehehe
E foi uma bela invenção, né? se existisse mesmo me tornaria até crente pra ser devoto dela... na verdade não há necessidade de crer pra ser seu devoto... pois o sou e não creio!
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